CULTURA - Da mulher mais rica do mundo, para vítima de uma gay trambiqueira?

O título desse texto nada mais é do que a dúvida com a qual você fica ao maratonar, sem pausa, A Bilionária, o Mordomo e o Namorado (2023), série-documental criada por Baptiste Etchegaray e Maxime Bonnet, em idioma francês, que acaba de estrear na Netflix. E curiosamente não vi se falar muito nessa série por aí, mas me despertou imediatamente curiosidade, por ser bastante interessado em fofocas que envolvem bilionários. Principalmente pelo fato de que aqui no Brasil já termos tido uma bilionária bastante conhecida não só por sua fortuna, mas também por suas polêmicas que envolvem seus casamentos e suas fortunas, falecida no ano passado, Lily Safra. 

A série cotém 3 episódios com gravações de voz originais, feitas clandestinamente pelo mordomo da mulher mais rica do mundo, até os anos 2000, Liliane Bettencourt, quando se sentia ameaçado pela presença do "namorado" de sua patroa Françóis-Banier. Ilustradas por cenas interpretadas por atores, e depoimentos dos envolvidos em um dos maiores escândalos políticos e empresáriais da França, nas últimas décadas. Tudo isso reunido em uma série muito bem roterizada e montada, que te traz uma sensação boa de estar assistindo a uma série ou um filme daqueles bem dramáticos sobre poítica, dinheiro, poder e escândalos. Inclusive, algum estúdio que esteja procurando uma história a la Sucession ou Billions, a história daquela que já foi a mulher mais rica do mundo, mas que "deixou" (assistindo você entenderá o porquê das aspas) o posto para sua herdeira que hoje ocupa o seu posto, é uma história muito bem contada cheia de reviravolltas e um final feliz ou "vingativo".

Não vou aqui contar algumas fofocas dos bastidores dessa história, muito menos dar spoillers, porque vale muito a pena você conhecer todos os detalhes através de como ela é contada pelos criadores da série, mas o que vale apontar, é como você fica em dúvida no final de quem são os vilões e os mocinhos, apesar da "justiça" ter julgado todos os pontos, e resolvido todas as questões. Mas ainda sim, estamos falando de pessoas. E estamos falando do mundo dos muito ricos, onde nem sempre tudo é revelado, e onde tudo tem um contexto. E o que vale é refletir sobre como a protagonista da história pode entrar e sair várias vezes nos cômodos de sua mente e bom senso, e te levar a refletir onde ela foi culpada nessa história, e onde ela foi apenas mais uma vitima do sistema onde ela pópria era uma líder, e no fim de tudo, só precisava daquilo que a fortuna dela não podia comprar, ou, podia até um certo ponto.

Por fim, mesmo mencionando que não iria dar spoilers, não posso terminar esse texto sem fazer um comentário muito importante sobre essa história, e a respeito das minhas expectativas com dramas autênticos no cinema e no universo dos streamings, o que explica o título desse texto. Há muito que comento com os meus colegas consumidores de produtos audiovisuais, o quanto desejo mais histórias de homossexuais no mundo do crime, ou envolvidos em tramas comuns a qualquer outro persoagem heterossexua, principalmente atividades geralmente estigmatizadas a determinadas raças, sexo, profissões ou comunidades. Estamos habituados a ver homossexuais retratados como indivíduos fragéis em busca do amor de um homem heterossexual, ou do amor de sua mãe. E o adjetivo "gay trambiqueira" nada mais é do que um apelido cômico e critico muito utilizado no meio. E a hisória de Liliane traz a realização desse meu desejo com uma revelação surpreendente a cerca das relações da bilionária. 

A Bilionária, o Mordomo e o Namorado, não é somente uma história sobre dinheiro, poder, política e gay trambiqueira, é também uma possível história de amor, mas não um romance entre duas pessoas. E sobre que história de amor eu estou falando, você  só vai saber quando assistir. 

Rômulo, diretor de cinema

romuloodiretor@gmail.com

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